Destino irregular contamina e vai na contramão das propostas municipais. Plano Diretor, Política Nacional e empresas organizam o modelo
Basta um simples tijolo para que logo uma montanha de lixo nasça na esquina, no terreno baldio ou até em uma vaga no trânsito. O aparecimento de aterros clandestinos ou de simples depósitos de resíduos ao ar livre não são raros, mas podem estar com os dias contados. O ponto final da história deve ser fruto de uma ação conjunta. Fiscalização, consciência ambiental e mecanismos de destino correto podem caminhar juntos.
Em União da Vitória e Porto União, a Ecovale, empresa que explora a coleta orgânica e seletiva há mais de 15 anos nas cidades, propõe um novo capítulo. Pivô de muita discussão, o destino dos resíduos da construção civil e da limpeza de jardins, já é diferente. Conforme a direção, isso é reflexo da exigência do Código de Posturas, que prevê punição para quem polui a cidade, e da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. A preocupação com o meio ambiente também chegou ao governo Federal e é de cima para baixo que a cobrança ocorre.
Na verdade, o ano de 2014 deve encerrar vários ciclos, inclusive a apresentação por parte dos municípios de seus próprios planos. Do contrário, as cidades podem ter parte dos recursos governamentais cortados. “Nas nossas cidades, não havia um local adequado para dar destino ao resto da construção civil e do lixo de jardim, dos galhos. Boa parte ira para o rio, para o aterro, para um monte de lugares errados”, aponta a sócia-admistradora da Ecovale, Scheila Antunes de Lima. Mas, há cerca de três anos, a partir de uma postura mais firme do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), a Ecovale projetou a escolha de uma área licenciada. A ideia saiu do papel e na prática, o aterro industrial classe II – para grandes geradores – já funciona. “Estamos armazenando o material e em 12 meses, devemos estar com a usina em funcionamento”, sorri Scheila. O “funcionamento” mencionado por ela envolve a separação do lixo da construção civil e a trituração dos galhos de árvores.
A reunião dos resíduos depende da contribuição da comunidade. Quem faz uma pequena limpeza ou reforma, por exemplo, e tem pouco lixo para jogar, pode deixar este material nas caçambas publicas e gratuitas disponíveis pela empresa. Para saber onde elas estão, é preciso encontrar o roteiro programado pela Ecovale e disponível na rede social. “Trabalhos maiores ou obras maiores, é preciso que a caçamba seja agendada antes delas acontecerem”, ressalta a sócia. Neste caso, o contêiner precisa ser pago. Quem lança o material sem critério, em qualquer ambiente, pode ser notificado pelas prefeituras. Mas, quem agiu sem má fé e tem vontade de consertar o dano, ainda tem chance. “A Ecovale recolhe também o lixo e o leva neste aterro, para o tratamento”, explica.
A separação do lixo também é sinônimo de economia. No caso dos resíduos da construção, por exemplo, há mais vantagens para a seleção do “bruto”, como tijolos e telhas. A partir da entrada de forros, plásticos e cimento, o valor pelo recolhimento é maior. A Ecovale explica as tabelas: no aterro industrial, um funcionário é pago essencialmente para garantir a seleção do material.
Plano Municipal saindo do forno
Em União da Vitória, conforme a engenheira ambiental, Lizandra Cristina Kaminski, o documento está quase pronto. O plano é elaborado em parceria com os acadêmicos do Centro Universitário da Cidade de União da Vitória (Uniuv) e deve ser levado para aprovação, em audiência pública, dentro de dois meses. “Faltam alguns detalhes, especialmente na questão do entulho”, explica.
Para pôr na parede
De acordo com a Ecovale, todos os clientes podem receber certificação de destinação correta do lixo. Basta pedir no balcão da empresa.